Um dos mais importantes cenários da história do Recôncavo da Bahia hoje não aparenta ter muito prestígio. O Paraguaçu, maior rio genuinamente baiano, que tem sua nascente na Chapada Diamantina, já teve dias melhores.
O rio, que já foi a principal via de escoamento da produção agrícola e manufatureira do Recôncavo para a capital, Salvador, encontra-se esquecido quando o assunto é o potencial turístico e econômico. A degradação ambiental no baixo curso do Paraguaçu, no trecho entre as cidades de Cachoeira e São Félix e o município de Maragogipe, exerce influência no estado de subutilização em que se encontra.
Alternativas para revitalizar
A falta de políticas e projetos para a revitalização cultural e econômica do rio Paraguaçu já foi muito questionada pelos habitantes que vivem às suas margens. “A pesca e os passeios aqui já foi muito melhor, o lixo e a poluição afasta o povo e mata os peixes”, disse o barqueiro Luís Jesuíno, morador de Cachoeira.
Rotas turísticas náuticas serviriam de grande atrativo para turistas, e alternativa de lazer para a população das cidades banhadas pelo rio, movimentando a economia da região. Investimentos por parte dos governos nessa área favoreceriam a criação de hotéis, pousadas e restaurantes.
O esporte náutico, hoje praticamente inexistente na região, poderia ser outra alternativa para o processo de revitalização. Exemplo disso foi o evento ocorrido no início do ano, Regata do Paraguaçu, que contou com velejadores franceses e baianos, e movimentou a economia durante o final de semana em que ocorreu a regata. O evento coroou o ano da França no Brasil. “Foi fantástico navegar no rio até a barra. É muito gostoso navegar num lugar como esse, com uma paisagem tão linda”, comentou o agrônomo e velejador nas horas vagas, André Bouza, impressionado com a beleza e o potencial turístico inegável da localidade.
Patrimônio da humanidade
A UNESCO, juntamente com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Governo da Bahia, elabora um projeto que visa tornar o baixo Paraguaçu Patrimônio Cultural da Humanidade. Se alcançado esse status, o trecho do rio passará a receber mais investimentos tendo em vista manter o aspecto ambiental em boas condições e preservar a identidade cultural da região. Assim, talvez, o rio ganhe na prática a sua devida importância.
Joaquim Bamberg