Paraguaçu - Patrimônio esquecido

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um dos mais importantes cenários da história do Recôncavo da Bahia hoje não aparenta ter muito prestígio. O Paraguaçu, maior rio genuinamente baiano, que tem sua nascente na Chapada Diamantina, já teve dias melhores.

O rio, que já foi a principal via de escoamento da produção agrícola e manufatureira do Recôncavo para a capital, Salvador, encontra-se esquecido quando o assunto é o potencial turístico e econômico. A degradação ambiental no baixo curso do Paraguaçu, no trecho entre as cidades de Cachoeira e São Félix e o município de Maragogipe, exerce influência no estado de subutilização em que se encontra.

Alternativas para revitalizar

A falta de políticas e projetos para a revitalização cultural e econômica do rio Paraguaçu já foi muito questionada pelos habitantes que vivem às suas margens. “A pesca e os passeios aqui já foi muito melhor, o lixo e a poluição afasta o povo e mata os peixes”, disse o barqueiro Luís Jesuíno, morador de Cachoeira.

Rotas turísticas náuticas serviriam de grande atrativo para turistas, e alternativa de lazer para a população das cidades banhadas pelo rio, movimentando a economia da região. Investimentos por parte dos governos nessa área favoreceriam a criação de hotéis, pousadas e restaurantes.

O esporte náutico, hoje praticamente inexistente na região, poderia ser outra alternativa para o processo de revitalização. Exemplo disso foi o evento ocorrido no início do ano, Regata do Paraguaçu, que contou com velejadores franceses e baianos, e movimentou a economia durante o final de semana em que ocorreu a regata. O evento coroou o ano da França no Brasil. “Foi fantástico navegar no rio até a barra. É muito gostoso navegar num lugar como esse, com uma paisagem tão linda”, comentou o agrônomo e velejador nas horas vagas, André Bouza, impressionado com a beleza e o potencial turístico inegável da localidade.

Patrimônio da humanidade

A UNESCO, juntamente com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Governo da Bahia, elabora um projeto que visa tornar o baixo Paraguaçu Patrimônio Cultural da Humanidade. Se alcançado esse status, o trecho do rio passará a receber mais investimentos tendo em vista manter o aspecto ambiental em boas condições e preservar a identidade cultural da região. Assim, talvez, o rio ganhe na prática a sua devida importância.


Joaquim Bamberg

Comentário - "A melhor profissão do mundo" - Gabriel García Márquez

quinta-feira, 5 de novembro de 2009


O ponto de vista crítico acerca da formação jornalística, e da profissão jornalismo, dá o tom do texto de Gabriel García Márquez. E, de fato, é coerente com o que se apresenta na atualidade. A tão discutida mercantilização do ensino infelizmente é um processo que estimula e encabeça a inabilidade dos recém saídos do curso superior de jornalismo, aliás, não só deste, mas como de qualquer curso superior.

Os aspectos técnico-científicos, muitas vezes insuficientes, são importantíssimos para a construção de qualquer profissão; mas a experiência, vivência, a formação cultural não é fornecida nas escolas superiores. Formação cultural que o autor preconiza como essencial para a prática jornalística. A leitura como hábito frequente é portal para aquisição de conhecimento e da capacidade de análise crítica do conteúdo que se lê, como o próprio García Marquez cita que em muitos casos os iniciantes na profissão são desprovidos dessa capacidade: “Em sua maioria, os formados chegam com deficiências flagrantes, têm graves problemas de gramática e ortografia, e dificuldades para uma compreensão reflexiva dos textos”.

A necessidade cega de ferir contra a ética tem como baluarte a própria estrutura da profissão, da notícia em primeira mão, propalada a qualquer custo. No entanto o autor infere que o melhor resultado não obrigatoriamente será a notícia em primeira mão, e sim a que for mais bem trabalhada.

Outro fator importante para o declínio na qualidade do jornalismo está na condição díspar entre o avanço tecnológico e, detrimento da formação da máquina principal, que é o profissional do jornalismo em si. O avanço tem “servido para antecipar e agravar a agonia cotidiana do horário de fechamento”, mas em contrapartida trouxe o dinamismo, a velocidade informacional jamais imaginada.

Todas as adversidades enumeradas pelo texto são de algum modo equivalentes em todas as profissões. Não há no mundo qualquer profissão em que não se encontre problemas de diversas ordens. A responsabilidade de efetuar um bom trabalho é comum a todas. Dificuldades podem sim ser superadas por aqueles que têm amor pelo que desempenham.