Alcoolismo: luta e superação

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Perseverança. Esta é a palavra de ordem para livrar-se do alcoolismo, “doença de determinação fatal”, disse Valter Evangelista da Silva, fotógrafo baiano, 79 anos, coordenador do grupo Alcoólicos Anônimos (AA) Nova Esperança, em Cachoeira – Bahia. Em depoimento dado aos estudantes do curso de jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Valter contou sua experiência e luta contra o vício, que começou já na sua adolescência. “Jovem não dá importância para o perigo... começa devagar, mas quando menos se espera ele perde o controle”, alerta.

Já na idade adulta o alcoolismo fez com que começasse a ter problemas no trabalho, chegando a ficar desempregado em várias ocasiões. Seu Valter, como costuma ser chamado, também foi fumante e, embora quase 50 anos após abandonar o cigarro, diz que ainda possui resquícios do tabaco no organismo.

Para ele o álcool é porta de entrada para outros vícios e, além disso, “desmoraliza e joga o homem na sarjeta”.

Questionado sobre as diferenças entre o alcoólatra e o bebedor social, Valter respondeu que o bebedor social sabe qual o seu limite, diferentemente do alcoólatra que “bebe por tudo, até pra trabalhar e comer”.

Tentação e auxílio

A consciência de que precisava de tratamento chegou em 1989, quando decidiu procurar por ajuda no AA de Salvador. Segundo ele, o apoio da família foi fundamental, assim como a freqüência regular na terapia de grupo, baseada em depoimentos dos que procuram abandonar o vício, e de 12 princípios tradicionais da irmandade.

A tarefa árdua de manter-se sóbrio é constante e para a vida inteira. “É como a diabetes, não tem cura, mas tem tratamento. O tratamento é não beber”, exemplifica Valter.

O desafio de manter o primeiro gole é grande, ainda mais com a propaganda massiva empresas de bebidas e da facilidade com que se pode obter a droga lícita mais consumida no Brasil. Valter pondera que a publicidade tem influência no alto consumo dos brasileiros, mas que o Estado deve investir na “diminuição do alcoolismo e auxílio no tratamento dos doentes”. Valter lembra que o AA não condena a venda de bebidas.

Em meados da década de 1990, Valter fundou um grupo dos AA em Cachoeira, que hoje possui 12 membros e suas sessões acontecem aos domingos, das 10h às 12h. “Estou há 20 anos sem beber, me orgulho disso, e hoje posso ajudar a quem quiser largar esse mal.”

Joaquim Bamberg

Lazer e entretenimento em Cachoeira

O calendário de festas populares de Cachoeira já é muito conhecido: Festa de Nossa Senhora da Ajuda, Festa da Irmandade da Boa Morte, Santa Bárbara, São João/Feira do Porto. Festas essas que são bastante aguardadas e entretém a população da cidade e da região. Mas e durante os momentos de lazer no período entre - festas, quais são as alternativas de entretenimento para os habitantes?

Diversão na cidade

Há os que preferem o velho “baba” nos finais de semana, como o motorista Josué Oliveira, 36 anos, morador de Cachoeira. “A gente monta uma associação com os amigos e o futebolzinho tá garantido no Campo da Manga”, campo de futebol público localizado na Avenida Beira Mar, bastante freqüentado também por jovens e estudantes da cidade.

As praças da cidade também são lugares de distração para famílias, principalmente para as crianças.

O local campeão de freqüentação é a famosa Rua 25 de Junho, conhecida por seus barzinhos. Ana Márcia Borges, 25, vendedora, que costuma visitar o local nos finais de semana com os amigos, diz: “é bom uma cervejinha e um tira gosto pra jogar conversa fora... mas tem que ‘manerar’ (risos)”.

Pouca diversidade

Reclamações sobre as limitações dos locais para lazer não faltam. Igor Andrade, 44, representante de vendas, diz que se sente alheio às alternativas da cidade e procura lazer fora dos domínios de Cachoeira. “Sempre que posso nos finais de semana vou à praia em Salvador com meus filhos, ao cinema, teatro. Aqui não tem por onde correr, ou você dá um passeio na cidade ou fica enfurnado em casa”.

O discurso de Júlia Rezende, 39, gerente de vendas, é o mesmo. Segundo ela os atrativos da cidade são poucos, e os existentes não a agradam. “Eu não costumo ir a bares nem festas, então a minha saída é passear no shopping e pegar um filme”, refere-se Júlia a atrações em Feira Santana, cidade a 60km de Cachoeira.

Joaquim Bamberg